sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Caetano não é foda

Acho o Caetano Veloso um chato. Não gosto dele. Não gosto do trabalho dele. Não gosto nem do 'leãozinho' dele. Questão de gosto. Mas, mesmo não gostando, o respeito por sua contribuição à música brasileira.

De repente me deparo com uma música dele que eu não conhecia. Sentei. Ouvi. Gostei menos ainda dele.
'A Bossa Nova É Foda' é o nome da música. (Para quem quiser: http://youtu.be/orPhkLpX3ps)
Eu poderia relevar, levando em conta que é um músico consagrado, já atingiu aquele patamar de 'poder gravar o que quiser' apenas para não ser esquecido. Mas precisava o palavrão? Qual a necessidade do 'foda' na letra? Para parecer moderninho, ou malvadão? Sim, ele pode gravar o que quiser. Tem nome, fama, carreira feita, é um ícone da música brasileira. E daí?

Quer um exemplo? Iggy Pop. Sim, o 'Godfather of Punk'.
Outro artista com carreira consolidada, consagrado no seu segmento. Mesma ladainha do Velosinho. Ele também pode gravar o que quiser. E o fez, sem palavrões. Iggy Pop gravou Edith Piaf.

Sem palavrões, mantendo a elegância.

Iggy Pop - Après

quinta-feira, 8 de setembro de 2016


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A vaca no precipício

"Um sábio mestre e seu discípulo andavam pelo interior do país há muitos dias e procuravam um lugar para descansar durante a noite. Avistaram, então, um casebre no alto de uma colina e resolveram pedir abrigo àquela noite. Ao chegarem ao casebre, foram recebidos pelo dono, um senhor maltrapilho e cansado. Ele os convidou a entrar e apresentou sua esposa e seus três filhos.
Durante o jantar, o discípulo percebeu que a comida era escassa até mesmo para somente os quatro membros da família e ficou penalizado com a situação. Olhando para aqueles rostos cansados e subnutridos, perguntou ao dono como eles se sustentavam.

O senhor respondeu:
- Está vendo àquela vaca lá fora? Dela tiramos o leite que consumimos e fazemos queijo. O pouco de leite que sobra, trocamos por outras mercadorias na cidade. Ela é nossa fonte de renda e de vida. Conseguimos viver com o que ela nos fornece.

O discípulo olhou para o mestre que jantava de cabeça baixa e terminou de jantar em silêncio.

Pela manhã, o mestre e seu discípulo levantaram antes que a família acordasse e preparavam-se para ir embora quando o discípulo disse:
- Mestre, como podemos ajudar essa pobre família a sair dessa situação de miséria?

O mestre então falou:
- Quer ajudar essa família? Pegue a vaca deles e empurre precipício abaixo.

O discípulo espantado falou:
- Mas a vaca é a única fonte de renda da família, se a matarmos eles ficarão mais miseráveis e morrerão de fome!

O mestre calmamente repetiu a ordem:
- Pegue a vaca e empurre-a para o precipício.

O discípulo indignado seguiu as ordens do mestre e jogou a vaca precipício abaixo e a matou.

Alguns anos mais tarde, o discípulo ainda sentia remorso pelo que havia feito e decidiu abandonar seu mestre e visitar àquela família. Voltando a região, avistou de longe a colina onde ficava o casebre, e olhou espantado para uma bela casa que havia em seu lugar.

- De certo, após a morte da vaca, ficaram tão pobres e desesperados que tiveram que vender a propriedade para alguém mais rico. – pensou o discípulo.

Aproximou-se da casa e, entrando pelo portão, viu um criado e lhe perguntou:
- Você sabe para onde foi à família que vivia no casebre que havia aqui?
- Sim, claro! Eles ainda moram aqui, estão ali nos jardins. – disse o criado, apontando para frente da casa.

O discípulo caminhou na direção da casa e pôde ver um senhor altivo, brincando com três jovens bonitos e uma linda mulher. A família que estava ali não lembrava em nada os miseráveis que conhecera tempos atrás.
Quando o senhor avistou o discípulo, reconheceu-o de imediato e o convidou para entrar em sua casa. O discípulo quis saber como tudo havia mudado tanto desde a última vez que os viu.

O senhor então falou:
- Depois daquela noite que vocês estiveram aqui, nossa vaquinha caiu no precipício e morreu. Como não tínhamos mais nossa fonte de renda e sustento, fomos obrigados a procurar outras formas de sobreviver. Descobrimos muitas outras formas de ganhar dinheiro e desenvolvemos habilidades que nem sabíamos que éramos capazes de fazer.

E continuou:
- Perder aquela vaquinha foi horrível, mas aprendemos a não sermos acomodados e conformados com a situação que estávamos. Às vezes precisamos perder para ganhar mais adiante.

Só então o discípulo entendeu a profundidade do que o seu ex-mestre o havia ordenado fazer."

Autor desconhecido

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Rolling Stones, Hells Angels e assassinatos


Qual a ligação disso tudo?
A resposta você encontra no filme Gimme Shelter. A produção conta parte da história do Concerto de Altamont, uma das últimas apresentações dos Stones na turnê norte-americana de 1969. Os britânicos contrataram a gangue de motoqueiros para fazer sua segurança particular durante o show. Resultado: muita briga, gente nua, quatro assassinatos e um cachorro no palco.

Vale conferir.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

sábado, 19 de julho de 2014

Viajem ao Coração do Rugby


Mordam o terreno e catapultem-se entre as estrelas, agarrem-se entre as pernas do rival e realizem acrobacias audazes: os jogadores de rugby convertem cada partida em uma grande festa. E esta festa, este prazer, esta sensação, implica numa certa visão do homem.

O Rugby é uma festa e uma religião. Os apaixonados pelo rugby falam deste esporte em idênticos termos: “é um jogo incrível, mas ao mesmo tempo é uma ocasião para reencontrar-se”.

Junto ao PUB, o Rugby – dois fenômenos extremamente unidos entre si – constitui um dos elementos mais sólidos da sociedade britânica.

“Ser ou não ser rugbyer, essa é a questão” – assegura um mineiro veterano e pilar da equipe British Coal. Essa questão é uma afirmação redundante, continua dizendo “Pode-se nascer rugbyer como pode-se nascer inglês, francês ou espanhol. O Rugby não se resume a uma atividade esportiva, apaixonante mas limitada. O Rugby é um destino, determina toda a existência”.

“Deste Dom – prossegue o antigo mineiro- herda-se o bem que se adquire em virtude de um privilegio inexplicável. Como uma graça, este Dom tem somente alguns eleitos. O mundo divide-se em dois: os que são rugbyers e os que não são”.

Esta espécie de documento de identidade condiciona toda a vida. No PUB, no trabalho, se fala de rugby como de um amigo íntimo. Ser rugbier é também cultivar religiosamente esta reverência. Centenas de veteranos, em todo o território britânico, retirados desde muitos anos dos campos, renovam suas licenças porque não concebem outro lugar para fazer exercícios físicos que não seja um campo de rugby. Os irlandeses asseguram que somente aceitarão a “unção dos enfermos” se a cura vier na forma sagrada em uma mão, e na outra uma bola oval de rugby.

“A Festa – disse Pierre Sansot, professor francês de Antropologia em Montpellier – é o encontro de um grupo em torno de uma ação fundamental, que ronda os confins do sagrado, transpondo a condição humana, onde não cabe a tristeza, pelo contrario, êxtase, exaltação, transe, a inversão de valores da vida cotidiana”.

Para conseguir esta intensidade emocional, passa-se geralmente por um ritual, por uma liturgia precisa que não aliena o indivíduo, porque se adquire no fundo do seu coração.

Para um sargento da policia, jogador de rugby, o “rugby é a vida elevada a quinze”. O que é mesmo, uma existência que vale quinze vezes, porque com quinze se designa a equipe que pratica este esporte. Todos os amantes do rugby se apaixonam por “ele” precisamente por ser um esporte coletivo por excelência.

Uma prova disso é que quando um chutador converte um Try, não se exalta como um futebolista ao marcar um gol. Pelo contrário, sorri modestamente antes de dirigir-se ao centro do campo para agradecer seus companheiros, sem os quais não teria sido possível apoiar a pelota dentro do ingoal. Numa partida de rugby não há heróis, apenas duas equipes.

“Este esporte – confessa um jogador do banco Barclays – exige uma fé cega nos companheiros. O jogador que se lança com seu corpo sobre a bola sabe que no segundo seguinte toda a equipe vai ajudá-lo. Em caso contrario se deixaria pisotear.”

As partidas de rugby produzem freqüentes incidentes. Ninguém discute que o Rugby é uma arte de viver, mas alguns, sem nenhum entendimento, o consideram um esporte violento. É inegável que se trata de um esporte mais de combate que de contato. Quando se tem direito a chocar, agarrar, derrubar, evidentemente trata-se de um combate. Mas há algumas regras que necessitam ser respeitadas.

Tudo que o rugby autoriza poderia parecer, em outras circunstancias, o prelúdio de uma peleja violenta. Mas sobre o terreno de jogo adquire outro significado. Existe não como uma agressão, mas sim como uma maneira de avançar rumo ao campo contrário. Não se pode perder nunca a dimensão lúdica do rugby. “Precisamente por isso não se trata de um esporte para qualquer um”, assegura um comandante Major, jogador do Welsh Guards.

A “grande família do rugby”, constitui-se numa espécie de casta reservada a homens responsáveis de seus atos, capazes de distinguir o jogo no que ele tem de arbitrariedade e de realidade. Não há grupos de torcedores, ansiosos por vingança e violência, porque os seguidores pertencem a “Grande família”.

Por isso os jogadores se submetem a um duro treinamento. Desde cedo, para estar em perfeita forma física, mas principalmente para aprender a aperfeiçoar esta arte de viver e de comportar-se. Todos estudam e trabalham, e muitos em condições muito difíceis, mais sacrificam também seu tempo com os treinamentos semanais com muita seriedade, respeito e entusiasmo, porque sabem que são jogadores de rugby, e posam e assumem toda a herança inerente ao modelo de vida que elegeram.

A superação dos jogadores de rugby não tem outra finalidade senão alcançar descobrir em si mesmos os instintos mais recônditos. Os jogadores dão vazão simplesmente a noções de valor e de alegria, de liberdade, que se adequam perfeitamente a este esporte de combate e de grandes valores, envolvido em quimera e tradição.

Antes de celebrar cada Versity Match, encontro anual que realizam Oxford e Cambridge, um treinador disse a seus jogadores: “Meninos, vão ir aonde nada vai, aonde só vão os eleitos que assim o desejaram. É o grande encontro com nós mesmos... 
A busca Suprema...”

(Autor desconhecido)

domingo, 22 de junho de 2014

Assassinaram o futebol em Bogotá. 20 anos da morte de Escobar


O ano era 1994.

Copa do Mundo nos Estados Unidos.
Para mim foi a ultima grande Copa. Não por ser na terra do Tio Sam, nem por ter um dos mascotes mais legais, mas porque foi o ano em que pudemos ver juntos, em um mesmo torneio, craques como Maradona, Hagi, Stoichkov, Matthäus, Romário, Milla, Baggio, Preud'Homme, Etcheverry, Valderrama, entre outros. Se listar aqui todos os grandes nomes faltarão caracteres.

A 'Grande Copa' foi marcada por grande jogos e, lembro bem, originou até um filme, que inclusive assisti no cinema, chamado 'Todos os corações do mundo'.
Estes mesmos corações que ao longo do torneio vibraram com seus ídolos em campo, também choraram, antes mesmo do final da Copa.
Antes de continuar vamos voltar um pouco no tempo, para que os esquecidos se lembrem e para que os mais nóis conheçam a história.
Em 94 a Colômbia tinha aquela que, sem sombra de dúvidas, foi a maior e melhor seleção se sua história. Em seu plantel estavam Higuita, Rincón, Valderrama e Asprilla. Era conhecida como 'A Colômbia de Ouro'. Foi ao Mundial como candidata ao título, principalmente após os resultados nas eliminatórias Sulamericanas, destacando uma incontestável vitória por 5-0 sobre a Argentina em pleno Monumental, em Buenos Aires. Além dos astros já citados 'La Dorada' contava com uma defesa segura, liderada por Escobar. Não o Pablo. 
Andres Escobar era um zagueiro técnico, daqueles que orientam o time e tranquilizam a defesa. Com 1,84 de altura, era imponente na área. Difícil de passar por ele.

Voltando à Copa de 94, no dia 22 de junho a Colômbia enfrentou a seleção anfitriã. Os colombianos, apesar de terem perdido a partida para a Romênia do maestro Hagi, eram favoritos mas a seleção norte-americana estava empolgada por jogar em casa e contar com o apoio de sua apaixonada torcida. Favoritismo contra empolgação. 
Aos 35' do primeiro tempo os EUA atacaram pela esquerda. Há um cruzamento. Uma bola em que i goleiro chegaria. Mas Escobar tentou cortar. Pegou mal na bola. Gol contra. O segundo gol dos gringos foi questão de tempo. Nos acréscimos a Colômbia ainda descontou. Final de jogo: 2-1 Estados Unidos. Colômbia eliminada.
E voltou para casa.

Os apreciadores do bom futebol não acreditavam no que viam. Uma das favoritas estava fora já na segunda partida. 
Mas a derrota latina não seria só dentro de campo.
2 de julho daquele mesmo ano. A Copa ainda estava em andamento e o mundo amanheceria com a notícia da morte de Escobar.
O zagueiro forte e imponente tombou ao ser atingido por 12 tiros. Cada tiro era acompanhado por um grito de gol proferido por seu algoz.
A morte nunca teve confirmada ligações com narcotráfico ou apostas ilegais, mas suspeita-se que fora encomendada por apostadores que teriam perdido muito dinheiro no jogo contra os EUA.
Um gol contra.
12 tiros.
'A Colômbia de Ouro' cai.
O futebol morre.


_______________
Hoje a morte de Escobar completa 20 anos.



Postagens mais antigas Página inicial
Copyright © Tramóia ZINE | Suporte: Mais Template