É difícil precisar onde e como surgiram as fantasias, mas é sabido
que existem a tanto tempo quanto as festividades em que normalmente são
utilizadas. Fantasias caracterizam as comemorações de povos, seitas,
escolas e, mais recentemente, até casamentos. Há os que veem nas
fantasias um fetiche, um objeto de desejo. Para as crianças, quando
vestem suas fantasias de super-heróis eles adquirem os mesmos poderes de
desenhos e histórias em quadrinhos. Para os gaúchos também.
Ao
vestir, sob um sol de 40 graus, uma camisa de manga longa, uma calça
de tecido com conforto questionável e uma bota longa de couro um homem,
ou o gaudério se preferir, só pode pensar que é um super-herói. As
meninas, denominadas prendas, também possuem seu lugar na ‘Sala da
Justiça’ dos heróis da vestimenta. Usam um vestido com mais ou menos
três dúzias de saiotes por baixo, além de uma gola justa que daria
agonia até a mais compenetrada das irmãs carmelitas.
Mas
vamos nos ater a figura masculina deste estado, o gaudério, guasca
bravo e matreiro peleador fronteiriço, além de seu confortabilíssimo e
apropriado traje para o veranico do Sul, ainda faz uso de seu
inseparável e indestrutível facão. Sim, uma arma branca que para ter
porte basta tomar uma meia dúzia de martelinhos no bolicho. Aí, meu
amigo, nosso herói está pronto: traje, arma, combustível e sol no lombo.
Para
entender o que falo basta dar uma breve passada pelo Acampamento
Farroupilha, cravado ano após ano no centro da Capital ao longo do mês
de setembro, pode ser considerado um simpósio de crianças grandes com
seus trajes de brinquedo. Você pode vislumbrar os mais diversos tipos
de fantasias, ou trajes típicos, se preferirem. Desde o churrasqueiro,
assador do ‘costelão 12 horas’ até herói batido pela criptonita
alcoólica marisqueira.
Entendo o resgate histórico
pregado pelos tradicionalistas. É louvável esta integração entre o
urbano e o campeiro, a reedição de tradições há muito esquecidas. Mas
este simulacro de Revolução Farroupilha nada mais é que um circo, uma
ilusão criada por quem não admite que as façanhas que deveriam servir
de modelo a toda terra, na verdade, não passam de uma fantasia. Assim
como suas roupas.
Como diz a música, ‘tradição é tradição/cuia, erva, chimarrão’.
Mas burrice é outra coisa.
Por favor, o gaúcho não usa fantasia, isto é um erro grave. É um traje gaúcho. Favor melhorar a perquisa.
ResponderExcluirSou gaúcho e sei muito bem disso. Leia o texto e entenda minha opinião.
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